A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) começa nesta segunda-feira (10) em Belém (PA), reunindo mais de 50 mil participantes de quase 200 países. A conferência, que ocorre junto à Cúpula dos Povos (12 a 16 de novembro), chega com desafios políticos e sociais: aumentar a responsabilização de países ricos e multinacionais, acelerar a transição energética e regulamentar o mercado de carbono.

A Cúpula de Líderes pelo Clima, realizada nos dias 6 e 7 de novembro, apresentou iniciativas como o Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis, a criação de uma coalizão internacional de mercados de carbono e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), para remunerar países que preservam suas florestas. Apesar dos avanços, especialistas alertam que as medidas ainda são tímidas diante da urgência climática.

“Não é possível superar a crise climática sem mudar o modo de produção capitalista”, afirma Sara Pereira, da ONG Fase e integrante da Cúpula dos Povos. Ela alerta que interesses de grandes corporações, como agronegócio e mineração, seguem dominando a zona azul da COP, enquanto as vozes de movimentos sociais e comunidades tradicionais permanecem à margem.

Para o professor Adolfo Neto (UFPA), a realização da COP na Amazônia coloca a pauta socioambiental em evidência e amplia a visibilidade de vozes dissonantes, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos.

“A sociedade civil organizada é fundamental para enfrentar os desafios com soluções que já existem e propor um novo modelo econômico”, ressalta.

Desafios estruturais de Belém

Belém enfrentou críticas por infraestrutura, falta de leitos e preços altos de hospedagem. Hoje, a cidade conta com 53 mil leitos, após investimentos bilionários do governo federal, que totalizaram cerca de R$ 6 bilhões, destinados a obras de saneamento, drenagem e mobilidade. Apesar disso, há obras inacabadas, remoções de famílias e denúncias de racismo ambiental.

Para facilitar a circulação de participantes, o governo do Pará antecipou férias escolares e instituiu trabalho remoto em diversas instituições.

Segundo a turismóloga Raquel Ferreira, a COP30 é também uma oportunidade de consolidar Belém e a Amazônia como polos de turismo, mostrando cultura, culinária e belezas naturais.

Divulgação

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