Entre pressão social, redes digitais e falta de serviços, jovens buscam alternativas em projetos sociais que oferecem acolhimento acessível.

O Amazonas enfrenta um cenário preocupante de aumento nos casos de suicídio entre jovens. Dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP) e do Atlas da Violência 2025 revelam que fatores como pressão acadêmica, uso problemático das redes sociais e a falta de acesso a serviços de saúde mental estão diretamente ligados à escalada desse problema em Manaus.

Casos em alta no estado

Entre 2018 e 2022, o Amazonas registrou 1.367 óbitos por suicídio e 2.467 notificações de lesões autoprovocadas, muitas vezes relacionadas a tentativas. A maioria desses registros envolve mulheres.

O recorte da juventude é alarmante: segundo o Atlas da Violência 2025, a taxa de suicídio entre jovens de 10 a 19 anos no estado cresceu 24,7% em uma década, atingindo 10,9 por 100 mil habitantes em 2023. No Brasil, o Ministério da Saúde aponta o suicídio como a 3ª principal causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos e a 4ª entre jovens de 20 a 29 anos.

Demanda crescente por atendimento

De acordo com o psicólogo e neuropsicólogo Eryton Viana, diretor do projeto Psicólogo Para Todos, a procura por ajuda tem aumentado de forma visível em Manaus.

> “Nos últimos anos, especialmente 2024 e 2025, temos observado um crescimento significativo da procura de jovens por atendimento psicológico. Isso se relaciona a uma maior conscientização sobre saúde mental, mas também a um aumento real de sofrimento psíquico”, destaca.



O perfil mais recorrente, segundo ele, são jovens em fase escolar ou universitária, que enfrentam pressões acadêmicas, dificuldades de relacionamento e questões ligadas à identidade e à sexualidade.

Principais gatilhos

Entre os fatores mais recorrentes, Viana cita:

luto e impactos emocionais pós-pandemia;

bullying escolar;

violência urbana;

uso problemático das redes sociais;

pressão acadêmica e profissional;

dificuldades relacionadas à sexualidade e identidade de gênero;

desemprego e falta de perspectivas.


Barreiras de acesso e alternativas

Para jovens de baixa renda, o custo dos atendimentos, a distância dos serviços de saúde e o preconceito ainda são grandes obstáculos.

Criado em 2018, o projeto Psicólogo Para Todos atua para reduzir essas barreiras. A clínica oferece atendimentos sociais com valores acessíveis, ações comunitárias gratuitas em bairros periféricos, parcerias com escolas e empresas, além de atendimentos online.

> “Nosso propósito é democratizar o acesso ao cuidado psicológico em Manaus”, reforça Viana.



Apoio e prevenção

Especialistas lembram que falar sobre saúde mental é essencial para quebrar tabus e salvar vidas.

Se você está passando por um momento difícil, saiba que não está sozinho(a). Busque alguém de confiança, apoio profissional e, em situações de risco, utilize os canais de emergência:
📞 188 (CVV – Centro de Valorização da Vida)
📞 192 (SAMU)

> “Estar presente, ouvir com empatia e acolher sem julgamento pode salvar vidas. Às vezes, o simples ato de escutar já devolve esperança a alguém”, conclui o psicólogo.

Divulgação

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